Rapaziada, eis algumas infos sobre Flims-Laax-Falera. Fomos num grupo de 9 brasilienses pra lá em Janeiro.
A estação fica na Suíça, ali próxima a Davos e St. Moritz. No máximo 80 km entre elas. É ridiculamente fácil chegar. Do aeroporto de Zurich sai um trem pra estação central e direto pros Alpes. Chega-se à cidade de Chur, de onde sai um ônibus pra Flims-Laax. Dá umas 2 horas. Tudo comprado no mesmo ticket, sendo que o pessoal do atendimento é solícito e fluente em inglês.
Flims é uma cidade antiga e pequena, cheia de “fazendas” (menores que uma chácara pequena no Brasil) ao lado das ruas mesmo, e até mesmo na base da montanha. Há trechos em que o snow é ao lado de currais... (rs)
Laax é a cidade ao lado, e é a mais próxima a um resort de montanha. Tem um hotel bem modernão feito de pedras, madeira e vidro, com alguns restaurantes, bares e lojas de equipo, chamado Rock Resort (
http://www.rocksresort.com). O restaurante Nooba tem boa comida “pan-asian” num ambiente bacana, e vale a visita.
A cidade de Falera é totalmente rural. O que importa é a montanha à sua frente, que foi anexada às outras duas, formando a área esquiável.
Por sinal, consta que a área esquiável é de cerca de 100 km2. De fato, no Google Earth a área é mais ou menos 10 x 10 km. O lugar é grande pra c...
Antes de falar da montanha, vale o registro do hotel que ficamos, Arena Lodge for Riders at Flims (
http://www.arenaflims.ch/lodge/en/winter/). Por 50 francos suícos/noite, em quarto duplo, o esquema é especial. Tem também uns quartos estilo albergue, em que outros caras da trip ficaram. No próprio hotel tem um bar e a balada principal de Flims. Não fui, pq queria acordar cedo. E não faz barulho pros quartos, porque é no subsolo. Fica do outro lado da rua para a gôndola Arena Express, de onde se parte no começo do dia. Tem alguns outros restaurantes em volta, e mercado bem próximo. Sala de jogos com sinuca, livros na estante, e nespresso e chocolate suíço à vontade. Wireless free também. O grande lance desse hotel nós só vimos de passagem: os quartos-design “adotados” por Never Summer, O’Neill, Vans, Nitro, Von Zipper... A decoração é toda temática da marca. No andar do meu quarto, por exemplo, a luminária do corredor era uma prancha NS com uma lâmpada fluorescente atrás.
Agora ao que interessa:
Já disse, a área esquiável é gigante. O Rodrigo mencionou que Killington tem cerca de 750 acres. Flims-Laax tem 24 mil acres, convertendo os 100 km2. Comparando com Breck, conhecida de vários por aqui, lá são pouco menos de 10 km2. Nem por isso Breck deixa de ser top, preferida, tanto que volto pra lá em abril próximo. Mas o número de pistas e de lifts, e a extensão das “trails” é semelhante, próximo a Killington, por exemplo.
A explicação está exatamente no que Laax tem de espetacular: não é uma estação de “trails”. Grooming?? Tem algumas sim, mas o grooming nem é tão bom, e fica detonado rápido.
Agora, fora de pista, meus amigos, é incrível!!! Pra onde vc mirar, lá de cima, tendo alguma neve, é first track. Tem cliffs à vontade, vários, vários bowls. Diversos hikings curtos ou longos, que te jogam em pirambeiras zeradas. É o paraíso dos fora de pista. O Alysson, que propôs o destino, tinha essa informação, principalmente pilhado pelos filmes do “local” Nicolas Muller, arrebentando o powder por lá.
A neve:
Pra mim ficou claro que a neve, mesmo em condições boas, não é leve e seca como a do Colorado e, dizem, a de Utah. Pegamos condições razoáveis. O aquecimento global se apresentou, pois tivemos +6Cº em plena tarde de janeiro nos Alpes suíços. Isso na base, a 1100 m de altura. Garoa...
O lance é que lá no topo nunca subia acima de -1, -2. A partir do terceiro dia da trip começou a chover à noite, e sol de dia!!! Pegamos todos os dias foras de pista zerados. Um dia com 5 cm, outro com 12, 15 cm, mas sempre procurando os picos que acumulavam a neve da noite, e não levavam o vento na cara – alguns lugares ficavam varridos. Aprendemos rápido, e fizemos a cabeça.
Pra quem for um dia:
La Siala: lift no topo, ao centro da montanha. Sem sacanagem, é heliski de cadeirinha. Pode descer e pegar uma pista grumada muuuuito rápido, e depois cortar pro off piste. Ou já sair por debaixo da cordinha, e ficar encagaçado até aprender onde era cliff, e onde era garganta pra descer. Melhor pico da nossa trip.
Vale mencionar que, ao contrário dos EUA, onde a preocupação com segurança é imensa, e a vigilância segue esse tom, lá em Laax, é cada um por si... rs. Nem aquelas cordinhas ou bastões cruzados para avisar dos perigos, pedras, cliffs, nada disso. Ski Patrol?? Lá pra cima não tem. E nem me lembro de ter visto da metade pra baixo, onde fica a parte mais grumada e movimentada da montanha. O que deu pra perceber nessa parte superior, claramente deixada para os off piste, é que os caras passavam o dia dinamitando. Explosão do avalanche control soava como fogos de reveillon ou como gol do Flamengo aos meus ouvidos. Era festa pra perspectiva de novas áreas com neve.
Glacial - Vorab – Fuorcla: No lado esquerdo da montanha, fica o Glacial, onde até rola um snowpark no verão. O primeiro trecho é numa gôndola, que chega no restaurante Vorab, bem legal. Nesse trecho tem um drop fantástico, um fora de pista todo irregular, com vários “morrinhos” e incontáveis kickers naturais. Tem uma pista tb, mas só vi de longe. O trecho seguinte até o Glacial é de T-bar. Gigante, maior puxa-saco que já vi. Mas depois compensa. Além de uma pista grumada enorme, larga e muito inclinada (tem uns esquiadores que botam reto pra baixo lá), o fora de pista foi dos melhores drops que já fiz. Tinha uns 10 cm de neve nova por cima de uma camada mais pisada, mas regular. Foi aí que peguei 75 km/h, marcados no GPS, fazendo S no powder. Adrenalina direto na veia...rs
Cassons: no canto direito da montanha, no lado de Flims, rola essa área que costuma aparecer muito nos tais filmes do Nicolas Muller. Não cheguei a andar lá, pq estava fechado por falta de neve (!!).
A estação tem várias gôndolas, mas tb vários pomas. Pra quem costuma ir pros EUA, enche o saco. Outro lance que incomoda, mesmo, é que tem muitos “atoleiros”. Diversos trechos em pistas tipo "caminitos", que vc só pega para transitar de um lugar para outro, e todo mundo tem que pedalar pra passar o flat.
Foi bacana pq pegamos a semana do Burton European Open. No Crap Sogn Gion fica a base dos parks da estação, e estava todo montado pro champ, com música tocando o dia todo, um monte de moleques voando no pipe e no slopestyle. Nos lifts rolava de conversar com os pros, tranquilão, mas confesso que, ao contrário do Alysson, não sei quem é quem nesse troço, a não ser que tivesse cabelo vermelho e ficasse no pódio no pipe.
Concluindo, Laax não é um lugar bom pra iniciantes. Também não é ideal para quem gosta de pistas grumadas, aquele “passeio na orla”, que principalmente os esquiadores apreciam... rs. É pra quem gosta de fora de pista, e tb, de fora de pista. E se curtir park, e encarar uns jumps um pouco mais nervosos, estará bem servido.
Na minha pauta já está marcado um retorno pra lá, e fico imaginando como será se cair muita neve, de verdade.
Eis mais algumas fotos da trip:
https://picasaweb.google.com/leommarques/FlimsLaaxFalera?authkey=Gv1sRgCPX0vcq9w83dWA&feat=directlink
Abs.