Desculpem o delay entre a viagem e o post, é que só me registrei agora...
Primeiro contato com neve (e esportes de neve) na vida!
Convidado pelo Chicão (Chico Magalhães), me juntei ao grupo organizado pelo Marcelo "marrentino" Olivetto pra conhecer Caviahue, talvez a menor e menos conhecida das estações de esqui da Argentina.
A viagem foi um tanto cansativa (atrasos no Tom Jobim e Aeropark-BsAs, chegamos em Neuquén cerca de 5h depois do previsto; daí mais 6 horas de ônibus até Caviahue, um povoado de 600 habitantes na Patagônia setentrional, a menos de 10km da fronteira com o Chile.
O primeiro dia estava nublado, 3-4ºC, mas a quantidade de neve (1,80m na base, a 1650m) deixou a galera animada. Depois de nos acomodarmos nas cabanas - bem rústicas, mas aconchegantes - fomos de van conhecer a estação, distante 1,2km. Isso depois de correr atrás do equipamento, já que ainda não havia comprado o meu e porque lá o aluguel é baratíssimo (R$200 pela semana toda, completo). Encontrei quase em frente ao hotel, numa lojinha de um casal extremamente simpático e atencioso.
A estação é bonitinha mas bem simples, os lifts parecem antigos ou de "segunda mão", mas tudo funciona a contento. Fiz de cara uma aula coletiva com mais 3 rookies de nosso grupo, mas que não rendeu muita coisa. Daí fui pro front, começando pelas pistas verdes, que lá chegam a dar sono ou impaciência (muitos trechos planos, pouca emoção). À tarde, encorajado pelos veteranos, já encarei umas azuis: vários tombos, como seria de se prever, mas nenhum sério.
Impressão geral do primeiro dia: "essa coisa de vestir 3 camadas de roupa é MUUUITO chato!!! Pior que isso, só o esforço pra levantar a cada tombo..."

No segundo dia acordei querendo uma cadeira de rodas sobre esquis. Mas com o incentivo da galera, e porque fomos brindados com céu de brigadeiro, parti pra dentro e, depois de receber várias dicas valiosas da Patricia (esposa do Marcelo), que valeram por uma aula particular, já consegui descer umas vermelhas - que lá, pelos comentários que ouvi, são tranquilas, porque muito largas e sem nenhum crowd. Neve powder, o pessoal mais antigo se acabando no fora-de-pista. Comecei a gostar da brincadeira!

No terceiro dia, ainda com sol: subi com algumas pessoas de trator (uma delas fez "tow up") até o topo do vulcão Copahue (2958m), de onde se avistam outros 3 vulcões, um deles já no Chile. Muito vento (que inclusive varre a neve do cume), lindas paisagens e o interessante contraste do frio (-15ºC) com a boca fumegante, cheia d'água a +40ºC. Uma das paredes inclusive me deixou muito afim de fazer um rapel, mas como não havia levado equipamento, ficou pra uma próxima vez.
No quarto dia, nublado e muito vento contrário, ficou difícil e cansativo esquiar. A galera resolveu construir uma rampa na neve fofa pra treinar saltos. Muito legal!!! Pena que não consegui nem acertar a rampa...

No quinto dia, ainda nublado, fiquei na base pra cuidar de um amigo machucado (lesões de ombro e joelho). Fiz acupuntura nele e depois fomos pra massagem com as índias mapuches (todas clones da Mercedes Sosa) e a hidro com a tal água vulcânica: cheirinho ruim mas bem relaxante, e a pele fica lisinha.
Sexto dia: sol de novo, aflição pela proximidade do fim da viagem, hora de aproveitar ao máximo e tentar filmar alguma coisa pra ter o que mostrar na volta pra casa. Deu tudo certo, show de bola!!!

Impressão geral: Caviahue ainda precisa melhorar muito em infraestrutura pra receber turismo internacional (parece que só estão preparados até agora pra turismo interno - falta transporte urbano (a cidade toda só tem 2 táxis!), há poucas opções de lazer noturno, nenhuma acomodação de luxo). Mas valeu, mesmo assim. Recomendo especialmente o bife de chorizo de 500g da Parrilla del Nito e a pizza de chocolate com frutas silvestres do Vientos Sulfurosos.

Isso sem falar na galera, MUITO maneira, todo mundo muito acolhedor e divertido. Com certeza essa trip foi a primeira de muitas!!!!!!